Dólar abre em queda com IPCA-15 de abril mostrando desaceleração da inflação
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O dólar abriu em queda nesta quarta-feira (25), depois da divulgação do IPCA-15 pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). O índice de inflação medido entre os dias 16 de março e 15 de abril desacelerou alta a 0,57%.
Às 9h05 (horário de Brasília), o dólar à vista recuava 0,31%, a R$ 5,0482 na venda. Na B3, às 9h05 (horário de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 0,31%, a R$ 5,0495.
O mercado continua atento à situação da economia americana, reagindo principalmente aos balanços das gigantes de tecnologia do país. Alphabet, controladora do Google, e Microsoft divulgaram seus resultados do primeiro trimestre na noite desta terça-feira (25).
A Bolsa fechou em baixa e o dólar em alta nesta terça-feira (25), seguindo a tendência internacional. O resultado do First Republic Bank no primeiro trimestre de 2023, com uma queda nos depósitos maior que a esperada por analistas. A perspectiva de que a economia dos Estados Unidos está cada vez mais próxima de uma recessão também pesa sobre os ativos brasileiros.
O Ibovespa fechou o dia com queda de 0,70%%, a 103.220 pontos. O dólar comercial à vista encerrou com avanço de 0,47%, a R$ 5,064.
No mercado de juros, as taxas com tendência de queda. Nos contratos para janeiro de 2025, a taxa caiu de 11,88% no fechamento desta segunda-feira (24) para 11,80%. Para janeiro de 2027, os juros recuaram de 11,86% para 11,73%. Nos contratos para janeiro de 2029, os juros recuaram de 12,26% para 12,14%.
Em Nova York, as ações do First Republic Bank caíram quase 50%, e atingem o pior patamar histórico. O banco relatou retirada superior a US$ 100 bilhões em depósitos no primeiro trimestre. As ações dos grandes do setor nos Estados Unidos também recuaram, com destaque para Goldman Sachs e JPMorgan, com quedas de 4,50% e 3%, respectivamente.
Além dos números, o que acendeu o sinal de alerta para os investidores foi a notícia da agência Bloomberg de que o First Republic pode vender alguns de seus ativos como parte de um plano de resgate, para evitar uma quebra.
Outra ação importante em queda nesta terça-feira é do banco suíço UBS. Os papéis negociados em Nova York caíram 4,65%.
O UBS reservou mais capital para fechar suas posições em hipotecas com perfil de crédito ruim nos Estados Unidos Isso reduziu o lucro do banco no primeiro trimestre pela metade, ao mesmo tempo em que se prepara para a “difícil” tarefa de absorver o rival Credit Suisse.
O UBS registrou lucro líquido de US$ 1 bilhão no primeiro trimestre, enquanto o mercado esperava ganhos de US$ 1,7 bilhão.
Assim, os índices de ações em Nova York fecharam com o pior desempenho diário em dois meses. O Dow Jones recuou 1,02%. O S&P 500 fechou em baixa de 1,58%. O índice Nasdaq caiu 1,98%.
Se nos Estados Unidos os bancos estão em baixa, no Brasil a situação é diferente. As ações dos gigantes financeiros apresentaram altas moderadas, após os resultados do Santander Brasil divulgados na manhã desta terça-feira.
O banco registrou lucro líquido de R$ 2,14 bilhões no primeiro trimestre de 2023, o que representa uma queda de 46,6% em relação ao mesmo período do ano passado, segundo balanço divulgado nesta terça-feira (25).
O resultado ficou em linha com a expectativa dos analistas, que projetavam um lucro de R$ 2,1 bilhões no período. Na comparação com o quarto trimestre de 2022, houve uma alta de 26,7%. A Unit do banco fechou em alta de 1,25%.
O cenário internacional afeta a Bolsa e o câmbio também por meio das empresas exportadoras, especialmente Vale e siderúrgicas. Nesta terça-feira, as ações destas companhias deram continuidade ao movimento de queda visto na véspera.
A ação ordinária da Vale recuou 2,55%. Também caíram as ordinárias de CSN (-2,91%) e CSN Mineração (-2,94%). As preferenciais da Gerdau recuaram 3,50%, já que a empresa tem uma atuação mais forte nos Estados Unidos que suas outras concorrentes locais. As preferenciais classe A da Usiminas caíram 1,26%.
No Brasil, o indicador que chamou mais atenção dos investidores na manhã desta terça-feira foi a arrecadação de impostos em março.
As receitas do governo com impostos foi de R$ 171,056 bilhões em março, informou a Receita Federal, uma queda de 0,42% em relação ao mesmo mês do ano anterior em dado ajustado pela inflação.
De acordo com série histórica ajustada a preços de março deste ano, foi a primeira queda mensal real na arrecadação desde janeiro de 2021.
No acumulado dos três primeiros meses de 2023 a arrecadação alcançou o valor de R$ 581,795 bilhões, com alta ajustada pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) de 0,72%. De acordo com a Receita, foi o melhor desempenho para o trimestre desde 2000.
Os investidores estão atentos também à participação do presidente do BC (Banco Central), Roberto Campos Neto, em uma audiência pública no Senado para falar da taxa de juros.
Campos Neto afirmou que o combate da inflação é o melhor instrumento social que existe e negou que o Brasil esteja afundando em recessão.
Aos parlamentares, o chefe da autarquia defendeu o regime de metas de inflação e a importância da autonomia do BC, explicou a mecânica da tomada de decisão do Copom (Comitê de Política Monetária) e a influência das expectativas de inflação sobre a calibragem da taxa de juros.
O presidente do BC disse ainda que o crescimento sustentável do país, com controle da inflação, não depende de “mágica” nem de uma “bala de prata”, mas de disciplina das contas públicas.
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