Viveiristas e agricultores do ES economizam e ajudam o meio ambiente com plantio de mudas em tubos de papel biodegradável
Também chamados de paper pots (potes de papel), tubos são produzidos em máquina trazida da Dinamarca. Segundo viveiristas, com o novo processo a perda das mudas diminui e pode chegar a zero porque o estresse da transição do viveiro para o campo é reduzido. Mudas em papel biodegradável geram economia ao produtor e ajudam o meio ambiente
Viveiristas e agricultores de Aracruz, no Norte do Espírito Santo, têm investido na produção e plantio de mudas em potes de papel biodegradável, também chamados de paper pots (potes de papel). A tecnologia importada não só gera economia, como também ajuda o meio ambiente.
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Adriano Alves da Luz, responsável pelo viveiro que destina quase 2 mil mudas produzidas em potes de papel todo mês para todo o Brasil, disse que dentro do paper pot não há terra. Cada pote contém substrato de palha de arroz carbonizada, turfa e adubo, que é diluído lentamente.
Os tubos são produzidos em uma máquina trazida da Dinamarca e no país existem apenas outros 89 equipamentos iguais.
Máquina onde portes de papel para plantio de mudas são produzidos em viveiro de Aracruz, no Norte do ES
Reprodução/TV Gazeta
Por ano, o equipamento produz cerca de 5 milhões de tubos de papel biodegradável.
Segundo o viveirista, com o novo processo, a perda das mudas diminui porque o estresse da transição do viveiro para o campo é reduzido.
“Dá uma vantagem muito grande para o produtor. Ele [o produto] não tem a logística reversa. Não tem que me devolver nada. Em outros processos, as embalagens têm que ser devolvidas aos viveiristas, enquanto que nesse ele planta junto com a embalagem, não tem estresse na raiz e o processo de plantio é muito mais rápido lá no campo”, explicou Adriano.
Viveiro em Aracruz, no Norte do ES, onde mudas são produzidas em potes de papel biodegradável
Reprodução/TV Gazeta
João Favalessa também é viveirista e está adotando a nova tecnologia para produzir as mudas.
“Nesse novo sistema a gente tem um índice de estresse quase zero e a mortalidade também não tem. Então o lucro é melhor”, disse João.
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Perda zero e ajuda ao meio ambiente
Plantio de pés de mamão foi feito com mudas produzidas em paper pots no Norte do ES
Reprodução/TV Gazeta
O produtor rural Fabrício Morelato já está fazendo uso da nova tecnologia e fez o plantio de 4 mil mudas produzidas no potes de papel em sua propriedade.
“Tivemos a experiência e o número de plantas que morreram com o estresse do plantio foi zero. Muito satisfatório. É uma tecnologia que veio para ficar, além do recurso da mão de obra, temos uma área limpa, não se vê plástico e contribui para o meio ambiente”, disse o produtor.
Jordana Souza também é produtora rural e disse que o que mais a empolgou quando decidiu testar o plantio das mudas nos paper pots em sua propriedade foi a contribuição para o meio ambiente.
Com produção de mudas em potes de papel biodegradável agricultores não precisam separar plantas de recipiente
Reprodução/TV Gazeta
“Quando fiquei sabendo da tecnologia, que é incrível porque você consegue plantar sem gerar impacto ambiental e não tem descarte de sacola plástica, isso por si só já me ganhou. Quando pesquisei mais sobre o assunto vi que a muda vai sofrer menos. O produtor rural só tem a ganhar com isso”, disse Jordana.
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Especialistas comentam sobre nova tecnologia
Kelmer Gujanwski, especialista em manejo integrado de pragas, falou sobre a nova tecnologia e disse que o que chama mais atenção é a possibilidade de perda zero após o plantio das mudas.
“Normalmente, quando é feito com sacolas ou tubetes, a pega [da planta] não é 100%. É evidente que tem toda uma questão climática favorável, mas pela minha experiência, ter 100% de aproveitamento é inédito”, disse o especialista.
Abraão Carlos Verdin Filho, pesquisador do Incaper que está desenvolvendo uma série de pesquisas sobre a adaptação do paper pot para a cultura do café conilon em Marilândia, no Noroeste do estado, disse que atualmente os entraves que dificultam uma adesão mais rápida e ampla dessa tecnologia é o alto custo.
Isso porque o paper pot é importado da Dinamarca e demanda um custo alto no investimento em maquinário, além da necessidade de várias pesquisas que requerem tempo para analisar a adaptação de cada cultura à técnica dos potes de papel.
Mudas em paper pots em viveiro de Aracruz, no Norte do Espírito Santo
Reprodução/TV Gazeta
Ainda de acordo com o especialista, a tecnologia é uma novidade que chegou há cerca de quatro, cinco anos à região e é preciso analisar, por exemplo, o diâmetro e comprimentos mais adequados para cada tipo de muda, assim como o volume de água necessário, adaptação à região e tipos de solo, entre outros fatores.
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