Mercedes-Benz vai suspender contratos de 1.200 trabalhadores a partir de maio
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A Mercedes-Benz vai suspender temporariamente os contratos de trabalho de 1.200 metalúrgicos na planta de São Bernardo do Campo (ABC) a partir de maio. O lay-off foi aprovado pelos profissionais em assembleia na tarde desta quinta-feira (13).
A suspensão será por até três meses. Entre os motivos da parada estão queda da produção, falta de peças e altas taxas de juros no país, conforme comunicado da empresa distribuído aos trabalhadores no início de abril, quando a montadora anunciou férias coletivas para 300 profissionais, produção em apenas um turno e semana mais curta.
A planta de São Bernardo tem hoje 8.000 profissionais, dos quais 6.000 integram a produção.
Segundo Sandro Vitoriano, um dos dirigentes do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, durante as suspensão dos contratos, os trabalhadores vão receber 100% do salário líquido durante e passarão por um curso de formação profissional.
“É importante ressaltar que todos esses trabalhadores têm garantia de retorno para a fábrica”, diz. Aos trabalhadores, Vitoriano afirmou que quem entrar neste lay-off não participará de um próximo, caso haja essa necessidade.
“O maior vilão é a taxa de juros abusiva, que deixa o financiamento mais caro, as pessoas não compram e há a queda na produção. A maioria das pessoas não compra ônibus nem caminhões à vista”, diz Aroaldo Oliveira da Silva, diretor-executivo do sindicato.
O sindicato também afirma que a mudança na estrutura de produção está ligada ao protocolo Euro 6, um conjunto de normas regulamentadoras sobre emissão de poluentes para motores a diesel, que tem impactado o mercado, elevando o custo dos caminhões desde 2022.
Crise desde o ano passado Em setembro de 2022, a montadora anunciou a demissão de 3.600 trabalhadores, o que fez a categoria aprovar greve por três dias. Na ocasião, seriam desligados 2.200 funcionários diretos e 1.400 terceirizados para reestruturação da unidade. Além disso, diversos setores seriam terceirizados e contratos de trabalho válidos até dezembro não seriam renovados.
Inaugurada em 1956, a unidade é a maior planta da empresa fora da Alemanha. Na época, a montadora afirmou que as demissões faziam parte de um processo de reestruturação para concentrar esforços no que é demandado pelo mercado atualmente.
Montadoras avaliam primeiro trimestre como ruim O primeiro trimestre deste ano é avaliado como ruim pelas montadoras, mesmo com a alta de 8% na produção de veículos leves e pesados. Apesar do crescimento em relação ao mesmo período de 2022, a Anfavea (associação das montadoras), não gostou do resultado.
“Nesses três primeiros meses tivemos oito paralisações de fábrica e dois cancelamentos de turno, algo semelhante às paradas verificadas no início de 2022”, disse, em nota, o presidente da entidade, Márcio de Lima Leite.
“A diferença é que no ano passado o motivo era somente a falta de componentes, enquanto agora já há outros fatores provocando férias coletivas, como o resfriamento da demanda.”
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