Ministério do Planejamento vê ‘processo desinflacionário’ com IPCA abaixo do esperado

Resultado da inflação em maio representa desaceleração em relação ao mês de abril. E é mais um elemento na pressão do governo sobre o Banco Central pela redução dos juros. Simone Tebet, ministra do planejamento e orçamento do governo federal
Sandro Menezes
O Ministério do Planejamento e Orçamento avaliou nesta quarta-feira (7) que há um processo de desaceleração da inflação acumulada no país.
Mais cedo, nesta quarta, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que é considerado a inflação oficial do Brasil, subiu 0,23% em maio. No acumulado em 12 meses até aqui, o IPCA registra alta de 3,94%.
“É fato que haverá um aumento deste indicador a partir de julho, devido ao efeito base, mas deve-se destacar que os resultados divulgados são inferiores ao projetado pelo mercado e que o processo desinflacionário está ocorrendo”, acrescentou a pasta.
Esse resultado representa uma desaceleração de 0,38 ponto percentual em relação a abril, quando a inflação avançou com mais força, a uma taxa mensal de 0,61% e a uma taxa anual de 4,18%.
Os números vieram abaixo das projeções do mercado financeiro, de alta de 0,33% na comparação com o mês anterior e de 4,05% ano a ano.
Alta nos próximos meses
O “efeito base” citado pelo Ministério do Planejamento é que, a partir de julho, o índice acumulado de preços na janela de 12 meses volte a uma trajetória de alta, avançando novamente.
Isso está relacionado com base de comparação para o acumulado em 12 meses. No ano passado, os meses de julho, agosto e setembro apresentaram deflação por causa das desonerações de itens essenciais ao longo da corrida eleitoral.
Dessa forma, a expectativa é que, nas divulgações que acontecem ao longo do segundo semestre deste ano, a redução de impostos em itens importantes para a inflação comece a sair da contagem. Isso resulta, consequentemente, em um aumento do índice de inflação em 12 meses.
Tebet vê queda de juros em agosto
Na semana passada, a ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, afirmou que sua expectativa é de que o Banco Central comece a baixar os juros no segundo semestre deste ano.
Para Tebet, “todos os fatores macroeconômicos internos estão positivos”. A taxa atual da Selic, de 13,75%, é a maior em seis anos e meio. “Complementei dizendo que achava que a partir de agosto já temos condições [de baixar os juros]”, acrescentou.
Na ocasião, ela citou as projeções da Secretaria de Política Econômica do Ministério da Fazenda, que apontam para um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 1,9% neste ano e de 2,3% em 2024, além de uma taxa de inflação abaixo de 6% em 2023 e de 4% no próximo ano.
A desaceleração da inflação é mais um elemento na pressão do governo sobre o Banco Central pela redução da taxa de juros.
Entenda as projeções para a taxa de juros
A próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, responsável por definir a taxa Selic, ocorre nos dias 20 e 21 de junho. Após essas datas, o encontro seguinte está marcado para os dias 1º e 2 de agosto.
Em pesquisa realizada na semana passada com mais de 100 instituições financeiras, a projeção dos economistas dos bancos é de que a taxa Selic comece a cair, porém, somente na reunião seguinte, em 19 e 20 de setembro.
O atual patamar da taxa de juros, em 13,75% ao ano, o maior em seis anos e meio, tem sido alvo constante de críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva – que atenta para o seu efeito sobre o emprego no país.
Em busca do atingimento das metas de inflação, o BC tem informado em seus comunicados que o processo de redução da inflação “demanda serenidade e paciência na condução da política monetária [definição dos juros]”.

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