UBS conclui compra emergencial do Credit Suisse, na maior negociação entre bancos desde 2008
Crise de mais de US$ 3 bilhões no Credit Suisse ocorreu no mesmo momento em que diversos bancos no mundo passam por dificuldades financeiras. Acordo de compra do Credit Suisse pelo UBS contou com assistência financeira do BC suíço.
Fabrice Coffrini/ AFP
O UBS informou, nas primeiras horas desta segunda-feira (12), que concluiu a compra do rival Credit Suisse, em uma negociação emergencial após o banco suíço afirmar que enfrentava uma forte crise financeira, com divídas que giravam em torno de US$ 3,37 bilhões – cerca de R$ 16,41 bilhões, na atual cotação do dólar.
Com a conclusão da aquisição, os dois bancos se uniram em uma instituição financeira gigante, com um balanço patrimonial estimado em US$ 1,6 trilhão, segundo a agência de notícias Reuters.
Em uma carta aberta do UBS, publicada por jornais suíços e divulgada pela Reuters, o diretor-executivo do banco, Sergio Ermotti, e o presidente do conselho, Colm Kelleher, afirmaram que o negócio entre os bancos, que é o maior no mundo desde a crise financeira global de 2008, “é o começo de um novo capítulo”.
Ainda de acordo com a agência, agora o grupo passará a administrar US$ 5 trilhões em ativos financeiros, o que o coloca como o maior gestor de patrimônio do mundo.
O negócio, além de encerrar a história de quase dois séculos do Credit Suisse, também tem perspectivas de cortar empregos para promover uma redução de custos.
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O que aconteceu com o Credit Suisse?
Em março, o UBS anunciou a compra o Credit Suisse em meio a uma forte crise. A instituição enfrentava dificuldades financeiras de cerca 3 bilhões de francos suíços.
A crise estourou em 14 de março, alguns dias depois de dois bancos americanos terem quebrado por problemas de liquidez. A mídia internacional diziam que o Credit Suisse teria identificado “fraquezas materiais” em seus resultados financeiros.
Logo depois, os clientes do banco passaram a retirar seus recursos, com medo de que a instituição também quebrasse – o que resultou em perdas de mais de US$ 120 bilhões.
Em meio a tudo isso, as autoridades suíças elaboraram um acordo às pressas, para salvar o sistema financeiro, que resultaram na compra do Credit pelo UBS.
Bancos com problemas financeiros ao redor do mundo
A crise do Credit Suisse veio no mesmo momento em que outros bancos passam por fortes desafios financeiros, sobretudo nos Estados Unidos.
Com a disparada dos juros, que haviam sido zerados pelo Federal Reserve (Fed, o banco central americano) no começo da pandemia, os clientes — tanto pessoas físicas quanto empresas — passaram a retirar seus recursos, que estavam rendendo muito pouco, dos bancos.
Parte desse dinheiro foi utilizada para pagar as contas, já que a inflação está alta no país, mas o outro montante foi reinvestido em outras instituições e aplicações financeiras, que ofereciam uma rentabilidade melhor.
Assim, parte dos bancos americanos sofreu uma grande quantidade de saques com os quais não estavam preparados para lidar.
No dia 10 de março, o primeiro caso de quebra veio do Silicon Valley Bank (SVB), banco regional que atendia muitas empresas de tecnologia, principalmente startups.
Apenas dois dias depois, o Signature Bank foi fechado por órgãos do sistema financeiro americano, também por problemas de liquidez. O mesmo aconteceu com o First Republic Bank, que no começo de maio foi comprado pelo gigante J.P. Morgan.
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